Volta às aulas. Época de comprar material escolar, renovar o uniforme, pagar matrículas e… encarar um antigo temor: o piolho coletivo. Quem nunca voltou de férias com um pequeno coçando o cabelo? Ou então, logo nos primeiros dias de aula, recebeu a notícia de algum amiguinho do seu filho ‘pegou’ piolho?
O piolho é um inseto parasita que escolhe viver em nosso couro cabeludo para se alimentar de sangue. Nós não sentimos que estamos sendo picados porque ele elimina uma saliva que funciona para nós como um anestésico – mas é justamente essa saliva que provoca aquela coceira intensa.
O piolho passa de cabeça em cabeça apenas por contato direto, isto é, não vai pular de uma cabeça para a outra; é preciso que exista um objeto de uso comum. A incidência de casos é maior nas crianças pelo simples fato de que o sistema imunológico ainda não foi plenamente desenvolvido até os 7 anos.
Para piorar, crianças costumam compartilhar mais objetos. Nas férias, o perigo aumenta porque elas se aglomeram em shoppings e parques de diversão e viajam juntas. Usam os mesmos travesseiros, capacetes, as mesmas escovas de cabelo…
Além da incômoda coceira e do rápido contágio, o piolho se reproduz em nosso couro cabeludo com muita facilidade. Em um período de um mês , o parasite pode colocar – acredite – mais de 100 ovos na sua cabeça, geralmente na região da nuca e das orelhas. Ele “cola” esses ovos esbranquiçados, as lêndeas, na base dos fios de cabelo. Cerca de uma semana depois, se transformam em ninfas (piolho em fase de desenvolvimento) e em poucas semanas viram insetos adultos.
Como tratar
O tratamento é feito à base de xampus e loções que têm substâncias tóxicas aos piolhos – sempre com orientação médica. É importantíssimo, após a aplicação, fazer o trabalho manual de passar o famoso pente fino – principalmente porque ele ajuda na remoção das lêndeas, que nem sempre morrem com a aplicação do produto. Normalmente repete-se a operação uma ou duas vezes, intervalos de semanas, até que tudo tenha sido eliminado.
Hoje existe também um eficaz tratamento via oral com um medicamento chamado de ivermectina. “A ivermectina tem se mostrado uma resposta bem rápida”, explica o dermatologista Francisco Le Voci, especialista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional de São Paulo. Esse remédio atinge a “capa” ao redor do piolho, impedindo que ele se reproduza. Mesmo assim, é preciso consultar um médico e combinar o uso da ivermectina com uma loção – ainda não dá para escapar dela. E não é permitida para crianças abaixo de 5 anos e para idosos.
Adolescentes, adultos e idosos também podem ser vítimas do inseto, só que é mais raro. “Muitos podem entrar em contato com piolhos, mas ele não chega a se desenvolver porque o organismo o combate”, esclarece Francisco.
Outra medida importante, segundo o dermatologista, é lavar o corpo todo com a loção ou o xampu, não apenas a parte afetada pelo piolho. Isso porque ele pode migrar para outras regiões, como as sobrancelhas, os cílios e até para os pelos pubianos (o popular “chato”).