O BOOM DOS ANTIDEPRESSIVOS

Reportagem de André Bernardo publicada no site: http://revistavivasaude.uol.com.br

Em cinco anos, a venda de antidepressivos no Brasil subiu 48%. Segundo especialistas, o aumento nas vendas desse tipo de medicamento se deve à prescrição exagerada da “pílula da felicidade”, tanto por médicos de outras áreas quanto para pacientes sem depressão.

As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os próximos 20 anos não são das mais animadoras. Segundo levantamento da instituição, a depressão será, em 2020, a segunda doença mais prevalente do mundo, atrás somente do infarto agudo do miocárdio. Mas, em 2030, apenas uma década depois, o transtorno psiquiátrico — também conhecido como “doença da alma” — já ocupará a primeira colocação do ranking, à frente de outros males como câncer e aids.

A julgar pelos cálculos da OMS, os antidepressivos serão, em pouco tempo, o medicamento mais vendido do planeta. No Brasil, eles já são a quarta classe de remédios mais comercializados, depois de anti-inflamatórios, analgésicos e contraceptivos. Nos últimos cinco anos, segundo levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com base em dados do IMS Health, instituto que faz auditoria do mercado farmacêutico, a venda de antidepressivos em farmácias e drogarias cresceu 48%. Em 2003, foram comercializados 17 milhões de unidades — entre gotas, cápsulas e cartelas de comprimidos. Em 2008, esse número saltou para 25,9 milhões. Ainda segundo o IMS, entre 2005 e 2009, as vendas registraram, em reais, um aumento de 74%. Passou de R$ 560 mil para R$ 976 mil.

Esses números não surpreendem o psiquiatra Ricardo Moreno, professor do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). “Do ponto de vista da indústria farmacêutica, antidepressivo virou sinônimo de lucro. Afinal, eles são consumidos no mundo inteiro. E a prevalência da doença é alta na população em geral: algo em torno de 17%. Isso significa que uma em cada cinco pessoas terá pelo menos um episódio de depressão ao longo da vida”, avalia Moreno.

Aumento Abusivo

Segundo especialistas, o boom nas vendas de antidepressivos no Brasil pode ser explicado por dois motivos. O primeiro é que médicos de outras especialidades, como urologistas, ginecologistas e até pediatras, têm prescrito esse medicamento para os seus pacientes. “O mais curioso é que, de uns tempos para cá, os maiores prescritores de antidepressivos nem são os psiquiatras. São clínicos, neurologistas, geriatras. Até por conhecer bem os antidepressivos e, principalmente, os seus efeitos colaterais, o psiquiatra é muito cauteloso na hora de prescrevê-lo”, afirma o psiquiatra Raphael Boechat, professor da Universidade de Brasília (UnB).

Ele acrescenta que, além da depressão propriamente dita, os antidepressivos já estão sendo receitados para casos de enxaqueca, obesidade, fibromialgia, ejaculação precoce, síndrome da fadiga crônica, entre tantos outros. “Já imaginou se todos os médicos que não são endocrinologistas resolvem tratar diabetes?”, indaga Ricardo Moreno.

O segundo motivo diz respeito à prescrição indiscriminada de antidepressivos para pacientes sem diagnóstico de depressão. “Não há a menor dúvida de que a depressão é uma das doenças mais incapacitantes que existem. E que, também, nunca foi diagnosticada como deveria. Mas as pessoas estão confundindo tristeza com depressão. E pior: tratando a tristeza como se fosse depressão”, salienta o psiquiatra Wimer Bottura Jr., presidente do Comitê de Adolescência da Associação Paulista de Medicina (APM) e membro da Associação Médica Brasileira (AMB).

Sentir tristeza é normal

O médico psiquiatra Raphael Boechat, da UnB, concorda e vai além. Na opinião dele, o maior impacto que o aumento abusivo na venda dos antidepressivos poderá causar na população mundial é que, no futuro, ninguém mais saberá como lidar com as pequenas tristezas da vida, como a perda de um ente querido ou o fim de um relacionamento amoroso.

Mas como saber quando o que sentimos é tristeza ou depressão? Você está triste quando chora ao ver uma comédia romântica, dorme mais do que o habitual ou devora, sozinho, um pote de sorvete. Mas, por outro lado, está deprimido quando chora por horas a fio sem motivo aparente, sente dificuldade para dormir por mais cansado que esteja e não consegue, sequer, tomar pequenas decisões cotidianas.

Entre os principais sintomas da depressão, os médicos apontam baixa autoestima, perda de sono e de apetite e dificuldade de concentração. “As pessoas não querem entender que sentir tristeza é natural e próprio do ser humano. Por mais que se tente, não há como fugir dela. Se você está triste porque perdeu um parente, não tem de tomar antidepressivo. O pior é que há casos de médicos que, só porque o sujeito terminou o namoro, logo prescrevem um antidepressivo para ele”, lamenta Boechat.

Sinais de alerta

Para Wimer Bottura Jr., as pessoas deveriam estar mais atentas a certos sintomas que podem sinalizar um princípio de depressão. Inverter prioridades é um deles. Adiar decisões importantes é outro. “As pessoas costumam dizer que fulano entrou em depressão porque quebrou a empresa. O que elas não sabem é que, na maioria dos casos, fulano quebrou a empresa porque já estava deprimido e não se deu conta disso. Um dos sintomas mais evidentes de depressão é quando a pessoa começa a inverter prioridades. Em outras palavras: começa a dar valor para o que é pouco importante e a deixar para depois o que é muito importante”, alerta.

Até o momento, não há evidências de que os antidepressivos causem dependência ou tolerância. Mas produzem efeitos colaterais indesejáveis. “Os efeitos colaterais são os mais variados possíveis e vão desde ganho de peso até perda da libido. Algumas classes podem, ainda, produzir efeitos colaterais cardíacos e circulatórios”, alerta Ricardo Moreno. Bottura Jr. acrescenta: “As pessoas têm medo dos antidepressivos, mas não sabem que os remédios que causam dependência são os ansiolíticos (para ansiedade) e os hipnóticos (para insônia)”.

Atualmente, a depressão atinge 121 milhões de pessoas no mundo. Só no Brasil, são 17 milhões. Desse total, 11 milhões são mulheres. “A incidência nelas é duas vezes maior do que nos homens”, avisa Boechat. E não é só isso: a média etária da primeira manifestação depressiva baixou de 40 para 25 anos. “A prevalência de casos de depressão em mulheres se deve às flutuações hormonais, que vão desde a menarca até a menopausa, passando pelos ciclos menstruais, a gravidez e o parto”, esclarece Moreno.

Oe tipos de depressão

Alguns médicos já rebatem a subclassificação da depressão em leve, moderada ou grave. veja a nova divisão:

  • Depressão endógena: nesse caso, em que a depressão tem origem genética, o uso de antidepressivos é inevitável. isso porque os portadores apresentam uma disfunção neurofuncional (veja o gráfico ao lado), que só poderá ser corrigida pela medicação.
  • Depressão reativa: também conhecida como depressão circunstancial, pode acontecer quando a pessoa está passando por alguma fase difícil na vida. O médico é quem deve avaliar o uso do medicamento ou encorajar o paciente a resolver seus próprios problemas por meio da psicoterapia.

Combinar mais de um remédio funciona?

Na maioria das vezes, os médicos prescrevem um único antidepressivo para combater a depressão. Mas, em alguns casos, pode haver o que os especialistas chamam de “combinação de remédios” para tratar distúrbios psiquiátricos como depressão, síndrome do pânico e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Nesse caso, pode-se interagir um antidepressivo com outro ou, então, com um sedativo ou, ainda, com um estabilizador de humor. Para alguns médicos, essa combinação proporciona uma maior eficácia no tratamento porque potencializa os efeitos dos medicamentos. Mas, para outros, tal prática pode ser perigosa porque toda e qualquer interação oferece riscos à saúde do paciente. “A combinação de mais de um antidepressivo não é um procedimento normal. O ideal é começar sempre com um único remédio. Se o paciente não apresentar melhoras, aumentamos a dosagem. Se não surtir efeito, trocamos para outra classe de medicamento”, exemplifica o psiquiatra Raphael Boechat

Quando é fundamental tomá-lo

Se não é aconselhável prescrever antidepressivo para quem não sofre de depressão, é igualmente perigoso deixar sem tratamento as vítimas da doença. O suicídio é o mais grave risco a que está sujeito o portador de depressão que não a trata corretamente. “Nestes casos, os antidepressivos são simplesmente essenciais”, esclarece o psiquiatra Ricardo Moreno. Segundo a OMS, a depressão está associada à morte de 850 mil pessoas por ano no mundo inteiro. Um paciente é medicado de seis meses a dois anos. A depressão apresenta três formas de evolução: aquela em que ocorre apenas uma crise e não se volta a ter outras; a segunda é a da evolução por surtos com a ocorrência de crises que podem durar mais ou menos tempo e, depois, remitir; e a terceira e última é aquela que, ao se instalar, não remite mais. “As estratégias farmacológicas visam a antecipar a remissão ou, pelo menos, manter os sintomas sob controle”, ressalva o psiquiatra Emmanuel Fortes.

ESTRESSE: CAUSAS, CONSEQUÊNCIAS E TRATAMENTO

Texto de Dra. Claudia Maria Miranda

 

O estresse é desencadeado pela secreção hormonal de adrenalina e cortisol pela glândula supra renal a partir da recepção da mensagem enviada pelo Sistema Nervoso Central via simpática, em resposta a emoção, que poderá ter sido um pensamento de raiva ou medo, segundo Guyton e Hall, encontrado no livro Fisiologia Humana e Mecanismos das Doenças, contendo o estudo do funcionamento do corpo humano, estudo básico e obrigatório da grade curricular dos profissionais da saúde.

Esse processo de desencadeamento das ações físicas pelo pensamento, ou mente é denominado psicossoma, referindo a integração da mente “psico” e a resposta do corpo “soma” como esquema:  Corpo Psíquico-pensamento; emoção inconsciente e involuntária estimula o Sistema Nervoso Central Autônomo – Simpático enviando mensagem a glândulas supra-renais para que secretem hormônios precursores da adrenalina e cortisol provocando no corpo físico o aumento da frequência cardíaca; estimulação de liberação de glicose; inibição do sistema digestivo (fígado, pâncreas, estômago e intestinos); reabsorção de sódio com efeito antidiurético aumentando o volume sanguíneo e conseqüentemente a pressão arterial; diminuição da utilização da glicose ampliando seu nível na corrente sangüínea; degradação da massa muscular pela quebra das proteínas; aumento do nível de colesterol no organismo pela degradação das gorduras; diminui os linfócitos do organismo ocasionando em déficit do sistema imunológico e estimulação cíclica da secreção dos precursores de adrenalina e cortisol.

Este mecanismo fisiológico em resposta ao pensamento de medo ou raiva ocasiona a sobrecarga da “máquina humana”, também pelo acionamento das condições abaixo:

  • Elevação da Pressão arterial, gerando a Hipertensão que é considerada um fator de risco para doenças cardiovasculares;
  • Aumento do nível de glicose sangüínea, podendo resultar em Diabetes tipo II;
  • Aumento do nível de colesterol LDL, também um fator de risco para doenças coronárias e acidente vascular cerebral;
  • Supressão do sistema imunológico, favorecendo a instalação de doenças infecciosas e também diminuindo o combate as células cancerígenas;
  • Lentifica o processo digestivo possibilitando a obesidade;
  • Dificulta a capacidade de concentração desfavorecendo a memória;
  • Aumenta as chances de exposição ao álcool e todas as outras drogas;
  • Dores musculares;
  • Distúrbios do sono;
  • Desenvolvimento de fobias, (medo de assalto, acidente, golpes e etc.);
  • Cansaço mental, depressão e irritabilidade.

Como podemos perceber, o estresse, tão eufemizado, mesmo no âmbito da área da saúde, como algo meramente emocional, tem um importante comprometimento físico, inclusive como um importante fator de risco das principais causas de óbito mundial na atualidade como: patologias cardiovasculares; câncer e doenças infecciosas.

Tratamento do estresse

É comum profissionais da saúde atuarem com orientações específicas, como: Agendar uma viagem, usufruir de passeios a parques; desenvolver a criatividade na busca de novas óticas voltadas às soluções; ocupar-se de algum hobby como: show, cinema, filmes, música, nutrição, yoga, meditação, entre outras atividades de lazer.

Entretanto, a maneira mais coerente, eficaz e efetiva para lidar com o estresse é a indicação de psicoterapia associada a psicanálise, já que se trata de uma causa emocional, pois, é imprescindível que o indivíduo seja submetido a técnicas específicas que possibilitem o desenvolvimento de métodos para trabalhar com suas emoções para que a partir desta habilidade, sinta-se fortalecido para mudanças comportamentais.

Quando o indivíduo só possui recomendações para amenizar o estresse como por exemplo uma viagem, sem ter empenhado-se ao auto-conhecimento ele mantém consigo sua condição emocional transformando esta viagem de lazer em compromisso, quando preocupa-se com o horário do café da manhã do Hotel, atraso dos traslados, assegura-se de atender o celular, irrita-se com parceiros de viagem, antevê seu retorno ao trabalho, enfim, vai e retorna no mesmo estado de estresse, que perdurará até trabalhar suas emoções ou exaustão física.

ALEXITMIA

Por Adriana Balthazar

Olá pessoal, bom dia a todos.

Lendo um trabalho sobre stress em portadores de Alopecia Areata me deparei com um termo pra mim até então desconhecido e que chamou a minha atenção, é a Alexitmia.

Vocês sabem o que significa?

Abaixo há uma explicação mais detalhada sobre o termo, mas a relação com a Alopecia Areata é a seguinte.

“Há estudos que relacionam a Alopecia Areata a Alexitmia, na qual o paciente tem dificuldades em identificar seus próprios estados emocionais. Aí incluem-se pacientes psicossomáticos que definem suas emoções em termos de sensações somáticas ou de reações comportamentais ao invés de relacioná-las a experiências mentais. Pode haver aí um funcionamento atípico do aparelho psíquico em pacientes que desenvolvem doenças somáticas, como as autoimunes.”

Espero que aproveitem e gostem.

Bjinhos

Drica


O conceito de Alexitmia é muito melhor conhecido hoje do que há um quarto de século. Trata-se de uma marcante dificuldade para a expressão apropriada da língua, para descrever os sentimentos próprios e para relatar as sensações corporais, uma impressionante habilidade para fantasiar e uma maneira prática e utilitária de pensar (pensamento operante).

O conceito de Alexitmia foi formulado em consequência das observações clínicas em Paris e Boston nos anos 1960, sobre uma condição que resultava em certo déficit em pacientes que sofriam de alguma condição psicossomática. Alexitmia, é hoje um termo que diz respeito à marcante dificuldade para usar a comunicação verbal apropriada para expressar e descrever sentimentos, bem como das sensações corporais.

Depois das observações iniciais das características clínicas originais para a Alexitmia, mais duas foram acrescidas em 1972 e em 1976, em Londres e em Heidelberg respectivamente. A conferência de Londres afirmava uma hipótese de provável etiologia biológica para a Alexitmia, enquanto a conferência de Heidelberg classificou-a juntamente com os transtornos psicossomáticos.

Durante os 20 anos seguintes, um grande número de estudos clínicos constataram a presença de características alexitmicas em porcentagens variadas nos pacientes que sofriam distúrbios clínicos e psiquiátricos diferentes, tais como, no abuso de substâncias, na dor psicogênica, nos transtornos alimentares, nas depressões típicas ou mascaradas, nos ataques do pânico, nos transtornos somatoformes, na personalidade borderline e transtornos sociopáticos da personalidade, bem como em indivíduos normais.

Alexitmia, resumindo, é uma marcante dificuldade para o uso apropriado da linguagem para expressar e descrever sentimentos, bem como a dificuldade para diferenciar com precisão as sensações corporais e uma impressionante capacidade para fantasias.

Fontes: http://gballone.sites.uol.com.brhttp://www.scielo.br/pdf/pe/v14n1/a12v14n1.pdf

PELE E PSIQUISMO

Por Adriana Balthazar

Olá pessoal achei interessante este texto sobre pele e psiquismo que trata sobre a dermatite atópica. Chama a minha atenção o fato de muitas pessoas que apresentam alopecia areata também apresentarem atopia, que é um distúrbio orgânico de hipersensibilidade a diversos fatores ambientais, tendo caráter genético – porém, nem sempre hereditário.

Bem, em outro post podemos falar mais sobre atopia.  Espero que gostem e aproveitem.

 Beijinhos, Drica

 

 

A psicobiologia da dermatite atópica

Quadro dermatológico extremamente incômodo para o paciente e para a família é a dermatite atópica. Trata-se de um tipo de eczema, que surge geralmente aos dois ou três meses de idade com uma distribuição generalizada, tornando-se, no seu desenvolvimento típico, circunscrito a poucas áreas na criança maior. Casos há em que o acometimento geral da pele se prolonga pela vida adulta. A característica maior desta doença é a coceira intensa que provoca, levando a criança a buscar alívio, quando deitada, esfregando-se nos lençóis.

A doença se inicia por um aspecto avermelhado e ressecado da pele. A seguir, aparecem escoriações, provocadas pelo ato de coçar, pápulas e pequenas bolhas, que geram exsudação. As alterações afetam as faces do rosto e a fronte, o pescoço e as dobras e, às vezes, grandes extensões da pele. A evolução se dá por períodos de exacerbação entremeados com fases de diminuição ou desaparecimento das lesões num curso crônico.

Geralmente, aos dois ou três anos, a criança tem alterações restritas à dobra dos cotovelos e à região atrás dos joelhos que, em fases de regressão, apresentam coloração esbranquiçada e aspecto ressecado. Cerca de metade dos pacientes pode ficar livre da doença entre os 10 e os 15 anos de idade.

Origem

A dermatite atópica é uma doença alérgica, que pode ocorrer isoladamente ou em concomitância com outros quadros alérgicos, como asma, rinite, urticária. Das crianças que se curam após os 10 anos, muitas desenvolvem uma ou mais dessas outras doenças, como se permanecesse o estado alérgico com outro tipo de manifestação.

As crianças com dermatite atópica produzem anticorpos do tipo IgE, desencadeados por ação de antígenos de variadas origens, principalmente antígenos ambientais. A pele tende ao ressecamento e é muito sensível a contato com produtos químicos, especialmente sabões, que aumentam o ressecamento e a sensibilidade. Com muita facilidade, a pele do atópico é infectada pelo estafilococo dourado, fato que concorre para manter e agravar o quadro clínico.

No processo inflamatório típico estão presentes diversos mensageiros químicos, liberados por terminações nervosas ou produzidos por células imunitárias. Além disso, há uma marcada influência dos estados emocionais e a própria dermatite condiciona certos aspectos da personalidade pelas dificuldades que causa aos pacientes.

Influência psico-emocional

Fatores neuropsíquicos sempre foram associados ao curso da dermatite atópica, como revela o nome neurodermatite, usado no século XIX. Atualmente, a psiconeuroimunologia vem trazendo à luz alguns dos caminhos seguidos pelos estímulos psíquicos para influenciar o desenvolvimento da doença.

Emiliano Panconesi e Giuseppe Hautmann, em artigo publicado em Dermatologic Clinics, em 1996, sugerem que um estado psicoemocional excitado atua sobre fatores genéticos predisponentes, como defeito no sistema do linfócito T, deficiência transitória de IgA secretora e resposta anormal de receptores de membrana. Isso causa aumento da imunoglobulina E e da liberação de mediadores por mastócitos, deficiência da imunidade mediada por células, resposta vasomotora cutânea anormal e deficiência quimiotática, de onde se origina a sensação de prurido. Daí, pela coçadura, surge a lesão cutânea.

Em todo esse processo há a participação de neuropeptídios, que são as moléculas mensageiras do cérebro. O dermatologista e imunologista Hermênio Cavalcanti Lima, em Tópicos em Imunodermatologia Clínica (2004), citando estudo em que crianças com dermatite atópica foram submetidas a tensão e observada a ação desse fator psicoemocional sobre o cortisol, relata que os investigadores sugeriram que crianças com a doença podem ser mais suscetíveis a erupção da pele motivada pela tensão por causa de uma baixa capacidade de resposta do eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal. Essa deficiência bloquearia a competência natural do corpo para produzir cortisol e suprimir a inflamação, o que conduz à exacerbação da dermatite.

Por outro lado, o paciente com dermatite atópica adquire certos traços de personalidade decorrentes do incômodo constante causado pela inflamação da pele e pela coceira intensa. Ele é descrito como irritável, exigente e infeliz; precisa de muito mais carícias e contato físico do que a média das crianças.

Se a dermatite persistir até a adultez pode gerar um indivíduo tenso, inseguro, agressivo, com sentimentos de inferioridade e inadequação, instabilidade emocional, hipersensibilidade afetiva e outros traços, que demandariam uma psicoterapia, porquanto o estresse originado desses aspectos emocionais realimenta o quadro clínico.

A influência dos familiares

Na infância, há ainda o problema dos familiares. Estes tendem a considerar o atópico uma pessoa com deficiência e dão exagerada atenção a sua condição cutânea, muitas vezes superportegendo-o ou criando-lhe incapacidades e falta de confiança. Os pais e parentes próximos devem ser orientados a não estimular atitudes de dependência para não facilitar a criação de condições para manipulação dos outros pela criança.

É preciso dar o cuidado devido ao problema, aplicar os medicamentos com carinho e delicadeza e sugestionar a criança sobre seu poder de controlar certa parte da alteração de sua pele sabendo que, com o passar do tempo, é grande a probabilidade de melhora, podendo mesmo o paciente ficar livre da dermatite.