SEM DEIXAR OS FIOS PELO CAMINHO

Texto de Heloísa Noronha, publicado no site www.revistasaude.uol.com.br

Nos homens, a calvície tem um certo charme, para as mulheres, no entanto, a perda de cabelo é motivo de preocupação, e até desespero, já que as madeixas exercem um papel importante na feminilidade e no poder de sedução. E, segundo dados da Sociedade Brasileira para Estudos do Cabelo, cerca de 18 milhões de brasileiras sofrem com fios ralos e alterações no couro cabeludo.

Apesar da alopecia (nome científico do distúrbio) não causar a queda total dos cabelos, se a disfunção não receber a merecida atenção, tão logo seja notada, compromete bastante a aparência. Nas mulheres, ela marca presença de maneira mais difusa – é comum localizar-se no topo da cabeça, perto da linha que divide o penteado – e os fios ficam finos e ralos. Dependendo do ângulo, é possível enxergar o couro cabeludo, um motivo e tanto para abalar a auto-estima.

O primeiro passo para lidar com o problema é aprender a identificálo. Os especialistas avisam que uma queda diária de aproximadamente 100 fios é normal – são aqueles que se soltam quando a gente penteia o cabelo ou lava a cabeça. No outono e no inverno, também é comum perder um pouquinho mais de cabelo, por causa das mudanças climáticas. Períodos de estresse e ansiedade e dietas muito severas ou restritivas podem fazer despencar os fios. Por isso, é importante consultar um dermatologista e mudar os hábitos alimentares. Entretanto, nenhum destes exemplos, são característicos da alopecia.

Sinal de alerta

Os principais fatores que provocam a doença nas mulheres são de ordem hormonal, afirma Arthur Tykocinski, dermatologista especializado em restauração capilar, de São Paulo. “Além dos hormônios sexuais, outros hormônios, como os da tireóide ou das supra-renais influenciam na queda de cabelo”, completa.  A fase pós-parto, o período de amamentação e a chegada do climatério também podem detonar a alopecia, assim como problemas nos órgãos reprodutores, como cistos no ovário.

Na hora de procurar ajuda, esqueça os produtos industrializados que prometem reverter o processo, já que eles não atuam no sistema hormonal. O ideal é buscar auxílio médico.  Os tratamentos podem ser tópicos, sistêmicos ou cirúrgicos. Segundo o dermatologista Antonio Figueira, do BarraLife Medical Center, no Rio de Janeiro, são indicadas loções à base de substâncias que estimulam a microcirculação local e tônicos contra a oleosidade da raiz. Há ainda os medicamentos que ajudam a regular os hormônios, mas só devem ser prescritos por especialistas porque podem provocar sérios efeitos colaterais.  Outro plano de ataque à queda constante dos fios é a mesoterapia. Neste tratamento, são aplicadas injeções de vitaminas, corticóides e hormônios no couro cabeludo a fim de brecar a progressão da perda de fios. O tricologista (especialista em cabelos) Valcinir Bedin, do Instituto do Cabelo e da Pele, de São Paulo, recomenda ainda sessões de um laser de baixa potência, que emite uma onda eletromagnética com capacidade antiinflamatória.

Em relação às cirurgias, há uma certa confusão entre as técnicas de implante e de transplante capilar. O primeiro refere-se aos fios sintéticos.  Eles são colocados no couro cabeludo e amarrados com um nó. Não crescem, não podem ser cortados e 20% a 40% destes fios são perdidos durante o ano. “Já os transplantes são feitos com cabelos naturais, retirados de uma área doadora da própria paciente. Esses fios crescem normalmente e não há risco de rejeição”, afirma o dermatologista Arthur Tykocinski.

Um dos métodos mais avançados do momento, o microtransplante capilar, foi desenvolvido pelo cirurgião plástico Carlos Oscar Uebel, do Rio Grande do Sul. O procedimento, que custa de R$ 7 mil a R$ 9 mil, consiste em transplantar raízes capilares da região da nuca para a área calva, por meio de microincisões. “Os fios são implantados, um a um, na paciente. A área tratada pode atingir um aumento de 52% a mais de cabelo e o resultado estético é natural”, explica o médico.

Cuidados Essenciais

Existem dois tipos de alopecia que podem, e devem, ser prevenidos. O primeiro é a alopecia seborréica. Normalmente, ela decorre da inflamação do couro cabeludo, provocada pelo excesso de sebo. Por isso, é mais comum em pessoas que têm os cabelos oleosos. Mas, o uso exagerado de condicionadores e de finalizadores, também pode causar esse tipo de alopecia. Alguns hábitos de higiene, como o uso semanal de um xampu anti-resíduos e lavar a cabeça com água morna, ajudam a prevenir o problema. Quem vive de cabelo preso está suscetível à alopecia de pressão. Presilhas, tiaras, chapéus, bonés e elástico muito apertados causam inflamações na raiz, que com o tempo se atrofia. Assim, sempre que possível, é bom deixar as madeixas soltas para um “descanso”. E evite prender o cabelo enquanto os fios estiverem molhados.

Dieta Antiqueda

Com um cardápio balanceado, rico em minerais essenciais, proteínas e vitaminas, é possível melhorar a saúde dos fios. A explicação é simples: na falta de minerais como ferro, zinco, cálcio e manganês, o organismo retira o que precisa da pele, das unhas e do cabelo, enfraquecendo-os. “O ideal é comer verduras, legumes e carnes, principalmente peixes. O salmão, rico em ferro e ômega 3, é o mais indicado”, diz a dermatologista Leticia Nanci, do Rio de Janeiro. Há casos mais sérios que exigem, além dos cuidados com a alimentação, que a paciente recorra a cápsulas à base de cálcio, cistina, nitrato de tiamina, levedura e queratina.

O Perigo da Química

Os alisamentos, coqueluche nos salões de beleza, também colocam os fios em risco. Toda vez que algum caso grave de ferimentos, provocados por agressões químicas no couro cabeludo, chega à mídia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão ligado ao Ministério da Saúde, se manifesta de maneira categórica: o formol, ativo usado comumente nos alisamentos, não é uma substância segura para a saúde. Segundo o órgão, dependendo da concentração, ele pode causar desde dermatites na pele até intoxicação e cegueira.

Entre os ativos liberados pela Anvisa, para esse tipo de procedimento, estão o tioglicolato de amônia, hidróxido de sódio, potássio de cálcio, hidróxido de lítio e o carbonato de guanidina. Mesmo assim, o excesso de químicas, como tinturas e relaxamentos, pode causar dermatite de contato, processo alérgico que deixa como herança a queda dos fios. É importante consultar um dermatologista para saber quais produtos usar.

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